Resumo de Adorno - Os Pensadores
A música é a manifestação imediata do instinto humano, e por ela ocorre seu apaziguamento.
Como todas as artes, tem uma função disciplinadora que pode ser considerada um bem supremo, devido a sua abstração.
O valor da música atual é muito questionado no texto, pois o critério de julgamento é o fato de a canção de sucesso ser conhecida por todos, assim gostar de um disco de sucesso seria quase exatamente o mesmo que reconhecê-lo. Reconhecer significa concordar com as massas, o que não agrada todos, apesar de a grande parte não se importar muito com isso.
A música contemporânea ocidental não tem como foco principal entreter, ela contribui para o emudecimento dos homens, para a morte da linguagem como expressão, para a incapacidade de comunicação.
Se ninguém é capaz de falar realmente, é obvio também que já ninguém é capaz de ouvir.
A base se molda no aspecto superficial, no “culto da personalidade”.
O prazer dos sentidos é usado como porta de entrada para a dimensão harmônica.
Na era do capitalismo, a autoridade ditatorial do sucesso comercial , o prazer de momento e da fachada de variedade desobrigam o ouvinte a pensar no todo, vão contra sua liberdade, que um dia já foi causa de seus princípios.
A canção da moda, e todas variantes da banalidade exercem sua influência desde o período inicial da burguesia.
O consumo da música ligeira sucumbe às necessidades objetivas daqueles que a consomem.
A liquidação do indivíduo constitui o sinal característico da nova época musical em que vivemos.
Existe um ciclo vicioso na música que se torna fatal:o mais conhecido é o mais famoso, e tem mais sucesso. Conseqüentemente, é gravado e ouvido sempre mais.
Nos dias de hoje, ter boa voz e ser cantor são recursos que não incomodam o vulgar apreciador materialista da música.
O conceito de fetichismo musical vende “valores”, sem que suas qualidades específicas sejam sequer compreendidas ou apreendidas pelo consumidor, o que evidencia a sua característica de mercadoria.
A musica contemporânea, sobretudo nos Estados Unidos, é utilizada como instrumento para a propaganda comercial de mercadorias que é preciso comprar para poder ouvir música.
A renúncia à individualidade que se amolda à regularidade rotineira daquilo que tem sucesso, bem como o fazer o que todos fazem, seguem-se do fato básico de que a produção padronizada dos bens de consumo oferece praticamente os mesmos produtos a todo cidadão.
Por outra parte, a necessidade, imposta pelas leis de mercado, de ocultar a tal equação conduz à manipulação do gosto e à aparência individual da cultura oficial, a qual forçosamente aumenta na proporção em que se agiganta o processo de liquidação do indivíduo.
O consumo torna as obras que sucumbem ao fetichismo depravadas, corrompidas.
Você tem a alternativa de entrar docilmente na engrenagem do maquinismo, ou seja, fingir que suporta essa idéia, mesmo que seja apenas diante do alto falante sábado à tarde ou aceitar essa pornografia musical, que é fabricada para satisfazer as supostas ou reais necessidades das massas.
A regressão da audição é outro fenômeno ocorrente, em oposição ao fetichismo.
Os ouvintes perdem com a liberdade de escolha e com a responsabilidade não somente a capacidade para um conhecimento consciente da música, mais negam a própria possibilidade de se chegar a um tal conhecimento.
Regressivo é, contudo, também o papel que desempenha a atual música de massas na psicologia de suas vítimas.
A propaganda é apregoada com idéias políticas, porém nada passa de um ditame tratando a música como se fossem mercadorias.
O modo de comportamento perceptivo, através do qual se prepara o esquecer e o rápido recordar da música de massa, é a desconcentração.
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